Entrevista com Luiz Soares Júnior

Nossa terceira entrevista! Desta vez com o Luiz Soares Júnior redator da revista cinética!

Segundo o site http://www.revistacinetica.com.br "Apaixonado por cinema e ópera deste o útero, descobriu na Filosofia um caminho que sintetiza várias possibilidades de vida e de pensamento, sem a mútua exclusão. Professor de Filosofia, escritor e analista diletante de cinema nas horas vagas e mais fecundas. Autor do blog Anjo exterminador http://anjoexterminador.blig.ig.com.br/
, experiência superficial e esquizóide a quem interessar possa um bom papo sobre cinema."

GRACC – O que você pensa sobre a classificação ortodoxa das estrelinhas presente em quase toda a imprensa cinematográfica brasileira?

SOARES - O problema não é nem com as estrelinhas, que podem até mesmo servir como um referencial, desde que fique claro que é algo bem superficial e limitado ( não ficam visíveis os critérios, o recorte da coisa).
Toda obra de arte, como a crítica que se faz a ela, tem de se assumir como um recorte, como uma perspectiva limitada, um ponto de vista sobre a realidade ( uma realidade igualmente delimitada, recortada).
Não pode aspirar a ser absoluta, total. As estrelinhas não admitem esse parêntese
( fundamental), mas como referência tá valendo.


GRACC – Muito se questiona sobre a verdadeira função da crítica cinematográfica, se para esta é reservado o papel de avaliar, informar, entreter, ou ainda enquadrar-se enquanto arte. Para você, qual seria a função predominante da crítica na atualidade?

SOARES - A crítica é um instrumento de cotejo, de situação das obras. Comparar as obras entre si, no seio de uma tradição determinada, situá-las, ser um instrumento de mediação das obras e seu tempo, das obras entre si e das obras com a tradição.
Esse é o papel da crítica. A crítica de jornal hoje é indecente, pouco se lixa pra única função digna da crítica, que ao mesmo tempo é cognitiva e, em certo sentido, tb estética, na medida em que se assume como uma construção ( tb) imaginária, criadora. A grande crítica do Brasil hoje se pratica na INternet. Inácios Araújos são exceções.

GRACC – Você acha que hoje existe um "divórcio" entre a crítica e o público no Brasil?

SOARES - Não creio que haja um divórcio entre o jornal, que é segmentado, sabe a quem se dirige, e seu público. Cada crítica tem o público que merece.


GRACC – O que você pensa sobre a descentralização dos espaços da crítica de cinema que hoje migrou, sobretudo, para a internet?

SOARES - É como disse. é o espaço da grande crítica hoje: descentralizado, diferencial, atomizado. Crítica como mediação viva e dinâmica, como palimpsesto da cultura. Quando chegar a hora de se utilizar em seu potencial os recursos multimídia da Internet ( ainda não chegou no Brasil essa noção), nem se fala.




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