Daniel Filho e a crítica

Segue trecho de entrevista com o ator e diretor Danniel Filho publicada na Folha de São Paulo de Hoje:


FOLHA - Falta compromisso? Porque os produtores de cinema captam dinheiro incentivado e tiram daí a própria remuneração. E não precisam fazer um filme de sucesso porque, afinal, já garantiram seus ganhos. Isso afeta?
DANIEL
- Eu acho que sim. Eu vejo muitos diretores fazendo filmes e correndo para ver se pegam o festival de Cannes, o de Berlim. "Ah, eu vou pro [festival de] Sundance, eu vou pra não sei o quê". É uma preocupação muito grande com o exterior. E eu sou o camarada que acredita no ditado: agrade a sua vila que você vai agradar ao mundo. Você tem que agradar aqui, no Brasil. O público quer ver esse filme? Ou é você que quer fazer esse filme? Queremos ser todos Godard e Glauber Rocha? A crítica aplaude esses filmes meio malditos, que têm pouco público. É uma dicotomia entre o que a crítica pensa e o que o público quer ver.

FOLHA - E o que o público quer ver?
DANIEL
- Filme bem realizado, que diverte, que te completa. E não é só comédia. Se olharmos as dez maiores bilheterias do cinema nacional em dez anos, vamos ver que existe uma variedade de assuntos. Tem duas biografias, "2 Filhos de Francisco" e "Cazuza"; temos "Cidade de Deus" e "Carandiru".

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