Irreversível no Telecine Cult

Assisti a este maravilhoso filme em Lisboa. Gaspard Noé exibe um exercício formal e narrativo numa história de perturbadora violência física e estética. Nele, há a mais longa cena de estupro do cinema: 10 min em plano-sequência. O diretor usa a estrutura narrativa invertida para jogar com as expectativas do espectador e garante um provocante filme, algo difícil de encontrar no cinema atual.
Vale a pena conferir.


"Irreversível" prioriza imagem sobre realidade
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA


Os primeiros movimentos de "Irreversível" (Telecine Cult, 0h10) já indicam o que será esse filme em que a relação essencial não é com o real, mas com a própria imagem.
Aqui, os movimentos são ágeis. Às vezes, hábeis; outras, erráticos. Não existe contradição entre as duas coisas. Trata-se de produzir imagens. Dois sujeitos saem batendo em quem aparece pela frente, na sua busca por um terceiro homem: o que violentou a garota de um deles.
Pode-se imaginar que a violência está no cerne do filme. Mas que violência é essa? A de um submundo que parece se bastar e não estabelece relações com qualquer outro universo (ou com o universo em geral)?
Nesse caso, é possível perguntar: qual o interesse de tudo? Será espantar com a extensão e a agilidade dos planos? Pode ser. Quando Orson Welles fazia um "travelling" interminável em "A Marca da Maldade", ele existia para captar algo do mundo. Aqui, parece existir para isolar.

Fonte: Folha de São Paulo, 04.09.2006

1 Comentário(s) para “Irreversível no Telecine Cult”

  1. # Anonymous Anônimo

    Pois é, eu tentei assistir esse filme umas 3 vezes, tenho ele aqui caso algum de vocês se interessem.
    A cena do estupro é muito forte, logo no primeiro minuto da cena, eu desliguei a TV. Não faz meu genero...

    abraços  

Postar um comentário



<BODY>