(Glauber Rocha)
“Para engrandecer ainda mais os gestos de cada personagem, Glauber dá ao tom de “Deus e o diabo na terra do sol” uma musicalidade verdadeiramente brasileira, com o intuito de demonstrar ainda mais a força expressiva de sua obra.
O cinema glauberiano é um cinema de ritmo. Tudo ocorre de forma intensa, tal intensidade passada demonstra os sentimentos de Glauber como cineasta e crítico. A sua visão de mundo e o seu estilo de fazer cinema o marcaram e o tornaram referencia na arte de fazer cinema no Brasil.”
(Fernando Rocha)
“Ao final do filme, as falas de Corisco, antes do seu conflito com Antônio das Mortes, indicam a Manoel o caminho da remitência, da esperança, da continuidade da luta. Corisco aponta para a necessidade da consciência revolucionária.
Outro elemento importante e bem explorado por Glauber é a música. Atrelada à trama e dotada de carga semântica torna-se importante recurso na produção de sentido. A tensão da câmara, da música e expressões dramáticas dos personagens caracterizam a estética e constroem uma linguagem própria, dão origem a denominação “cinema de autor”.”
(Fernanda Felix)
“O filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, utiliza-se de forma bastante explícita, a linguagem metafórica. Partindo desse princípio, pontuarei uma metáfora marcante do filme, que é a resolução do mesmo, (quando o mar beija o Sertão), é um fechamento profético, que abarca na sua essência o desejo do povo, o sonho de Glauber e a realização da arte.
Deus e o Diabo na terra do Sol, talvez seja o retrato mais fiel possível de um Brasil, que Brasil sempre rejeitou, omitiu, ignorou, mas que o gênio Glauber, com o seu desejo de história não se furtou, em denunciá-lo, de forma emblemática, crítica e política, fundando o tão saudoso cinema de autor, que irá influenciar profundamente o cinema moderno brasileiro.”
(Luiz Fernando Sales)
“O filme tem uma estética bastante peculiar que vem caracterizar o cinema de autor, passando por planos fechados e abertos de forma instantânea, destacando a tensão entre o espaço aberto e a demarcação, cortes bem evidentes, uma impostação teatral visível na fala e nos gestos exagerados dos atores de forma dramática, outro fato interessante e emblemático nesta obra que a torna uma preciosidade nacional é a sua trilha sonora com músicas de Villa-Lobos que vem criar uma atmosfera fortemente pesada com uma carga bastante emotiva, ajudando a visualizar o sofrimento e perplexidade dos personagens do filme.
É imprescindível salientar a ruptura dos paradigmas da linguagem cinematográfica feita por Glauber, pois justamente com a produção de sua obra através de recursos escassos, se tornou possível contornar as adversidades financeiras, quebrar expectativas do público e produzir uma linguagem própria que manifestassem todos os conflitos de ordem política e social que pudessem emanar ao mesmo tempo um espírito nacionalista cultural, assim fica evidenciada a invenção de uma linguagem única e peculiar de se fazer cinema criada por Glauber Rocha.”
(Eliedilson Santana)
"Em Deus e o Diabo na terra do sol, a oposição entre a libertação da opressão através de uma fé exacerbada e a utilização da agressão como fonte primeira para se alcançar a Revolução, são o tema central da película. Inicialmente, o plano da religiosidade extrema se sobressai, compondo a personagem Manoel, que desiludido e sem expectativas, se agarra à fé através de um homem santificado, Sebastião. Isto só se altera a partir do encontro de Manoel com Corisco, signo de luta e revolução de uma nação Nordestina (sob a sombra de Lampião), tomando para si o ideal revolucionário da luta com armas, para combater a opressão e poder ver algo além de um futuro incerto. A conexão entre violência e história, por sinal, são elementos típicos aos filmes de Glauber Rocha."
(Lucas Almeida)
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